Qual é a decisão de adotar um bebê recém-nascido do ponto de vista islâmico? Qual é o status da família adotiva (pais)?

Adoção era comum nos árabes de Jahiliyya (a epoca da ignorancia). Um filho adotivo costumava ser contado como filho biológico e quando o homem morria, o adotado costumava se tornar um herdeiro dele. O Islã eliminou essa situação.

وَمَا جَعَلَ أَدْعِيَاءكُمْ أَبْنَاءكُمْ ذَلِكُمْ قَوْلُكُم بِأَفْوَاهِكُمْ وَاللَّهُ يَقُولُ الْحَقَّ وَهُوَ يَهْدِي السَّبِيلَ * ادْعُوهُمْ لِآبَائِهِمْ هُوَ أَقْسَطُ عِندَ اللَّهِ فَإِن لَّمْ تَعْلَمُوا آبَاءهُمْ فَإِخْوَانُكُمْ فِي الدِّينِ وَمَوَالِيكُمْ

“…nem tampouco que vossos filhos adotivos fossem como vossos próprios filhos1. Estas são vãs palavras das vossas bocas. Allah disse a verdade, e Ele mostra a (verdadeira) senda. Dai-lhes os sobrenomes dos seus verdadeiros pais2; isto é mais equitativo ante Allah. Contudo, se não lhes conheceis os pais. Sabei que eles são vossos irmãos, na religião, e vossos tutelados3.”

(Al Ahzab | Os Partidos 33:4-5)

Adoção é proibida, mas é uma boa ação criar os órfãos. Nesse caso deve prestar atenção aos seguintes:

1 – A criança deve saber que as pessoas com quem ele cresceu não são seus pais verdadeiros.

2 – Quando as pessoas com quem ele cresceu morrem, ele não pode ser seu herdeiro. Mas ele pode pegar o que lhe foi dado por eles quando estavam vivos.

3 – Não deve ser esquecido que ele é um estrangeiro que é cuidado. Se menino, não há diferença de garotos estrangeiros; se uma menina, não há diferença de outras garotas estrangeiras.

Se um bebê recém-nascido for adotado, se a mulher amamentar, torna-se ama de leite. Se uma menina, ela não é estrangeira mais a seu pai, se um menino, ele não é estrangeiro mais a sua mãe, seu marido. Porque casar com eles se tornará para sempre haram. Mas nos outros assuntos, continua sendo estrangeiro.

É uma ação muito boa levar uma criança órfã e solitária para a casa, alinhada com as regras, criar e trazer para a sociedade. O Profeta Mohammad (saw) disse:

“Aquele que proteger um órfão e eu, estaremos tão perto quanto o dedo indicador e o dedo médio no céu”

(Bukhari, Adab, 24; Muslim, Zuhd, 42)

  1. Se um homem chamasse um filho de outro de “seu filho”, isso poderia criar complicações entre relações naturais e normais, se tomando mui literalmente. É mostrado que se trata apenas de uma maneira de falar, da parte dos homens, e não deve ser tomado ao pé da letra. Verdade é verdade, e não pode ser alterada pelo fato de os homens adotarem “filhos”. A “adoção”, no sentido técnico, não é permitida pela Lei muçulmana. Aquelas que foram “esposas de vossos filhos” estão entre os Graus Proibidos de casamento (versículo 23 da 4ª Surata); mas isso não se aplica aos filhos “adotados”. ↩︎
  2. Os homens que eram libertados freqüentemente levavam os nomes de seus amos – “filho de fulano”. Quando eram escravos, talvez os nomes de seus pais tivessem ficado completamente perdidos. É mais correto falarmos deles como os Maula de fulano. Porém, Maula, em árabe, também pode implicar uma relação íntima de amizade; nesse caso, ainda é melhor o termo correto, em vez do termo “filho”. “Irmão” não é objetável, porque a palavra “irmandade” é usada num sentido mais amplo do que “paternidade”, e está menos sujeita a mal-entendidos. ↩︎
  3. O que se tem em mira é destruir a superstição de se levantarem falsas relações, em detrimento ou perda das verdadeiras relações consangüíneas. Não se tem intenção de penalizar um desliza involuntário sobre o assunto, mesmo no caso em que um homem trate outro por seu filho ou pai, que não seja seu filho ou pai, por polidez ou afeição. ↩︎